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Retirar o útero cura a endometriose?

Essa é uma pergunta frequente que sugere uma solução simples para um problema complexo. Num primeiro momento o raciocínio faz sentido: se endometriose é a presença de tecido endometrial fora do útero, retirar o útero que contém esse tecido resolveria esse problema. Mas em medicina não é assim que as coisas funcionam. Existe uma teoria mais atual de que a endometriose não surge apenas da “regurgitação” da menstruação uterina para a cavidade abdominal, mas também tem um surgimento direto do peritônio, pelas células totipotentes que estão lá no peritônio desde o nosso nascimento - esta teoria mais moderna explica porque somente a retirada do útero pode não resolver todo o problema.

Qualquer intervenção cirúrgica necessita de uma indicação clínica para ser realizada e no caso do tratamento de endometriose, a histerectomia (retirada do útero) é feita em casos específicos.

Outro ponto importante é que não adianta retirar o útero se há focos de endometriose em outras áreas da pelve e região abdominal. São esses focos que causam os sintomas. A atividade desses focos tem mais a ver com o estrogênio que funciona como um combustível para a endometriose.

Aí você pode perguntar: e se retirar o útero e os ovários? a resposta é a mesma. Se não houver indicação, não há porquê retirar. Remover os ovários sem necessidade causaria diversos problemas hormonais levando a uma situação chamada de menopausa cirúrgica que implica na perda de qualidade de vida da mulher.

Portanto, de forma geral, o tratamento de endometriose pode sim ser cirúrgico, mas com indicação extremamente individualizada que leva em conta o “mapa da doença” e também o estágio de vida da mulher e as suas atuais expectativas.

É compreensível que muitas mulheres busquem soluções radicais, pois a endometriose realmente causa dores incapacitantes, impacta a vida social, mas com tratamento multidisciplinar os sintomas podem ser controlados e elas podem viver com qualidade. Radicalidade pode não ser a resposta à endometriose.

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